sábado, 30 de abril de 2011

Friedrich Nietzsche

"Entre as coisas que podem levar um pensador ao desespero está o conhecimento de que o ilógico é necessário para o homem e de que do ilógico nasce muito de bom. Ele está tão firmemente implantado nas paixões, na linguagem, na religião e em geral em tudo aquilo que empresta valor à vida, que não se pode extraí-lo sem com isso danificar irremediavelmente essas belas coisas. São somente os homens demasiado ingênuos que podem acreditar que a natureza do homem possa ser transformada em uma natureza puramente lógica; mas se houver graus de aproximação desse alvo, o que não haveria de se perder no caminho! Mesmo o homem mais racional precisa outra vez, de tempo em tempo, da natureza, isto é, de sua postura fundamental ilógica diante de todas as coisas."

Friedrich Nietzsche - Humano, demasiado humano




domingo, 24 de abril de 2011

CANNABIS SATIVA - Cultura e História



Cannabis spirituality by Alex Grey (http://www.alexgrey.com/)


A mais antiga prova da associação do Homo sapiens sapiens com a Cannabis sativa que se tem notícia são as fezes fossilizadas de um membro de nossa espécie que contêm claramente vestígios do pólen de Cannabis. Este cropólito foi achado às margens do lago Baiakal, na Ásia Central datado em 10 mil anos. É provável que a Cannabis tenha sido uma das primeiras plantas a serem domesticadas pelo homem há 20 mil anos - vários e fortes indícios levam a esta conclusão. Há 15 mil anos, acredita-se, a planta já era usada para a confecção de tecidos, cordas, fios, etc.. no entanto não se sabe se era já inalada ou ingerida deliberadamente com a intenção de alterar a consciência. Em todo caso há provas definitivas do uso cultural da Cannabis há 6.500 anos naquela que é considerada a mais antiga cultura neolítica da China chamada Yang Chao. Nessa cultura, as fibras da planta eram usadas na confecção de roupas, redes de pesca e caça, cordas, etc., sendo que as sementes eram usadas na alimentação na forma de farinha, bolos, pudins e outras preparações.
O livro de medicina mais antigo que se conhece, o Pên-Ts'ao Ching, remonta há 4 mil anos e fala do uso mágico das inflorescências femininas da planta: "Se tomada em excesso produzirá a visão de demônios. Se tomada durante muito tempo ilumina seu corpo e faz ver espíritos." Há 3.500 anos, o Atharva Veda, livro sagrado dos hindus, também se referia a Cannabis na forma de Bhang, preparação esta que incluía a resina da planta misturada com manteiga e açúcar. O Bhang era usado para "libertar da aflição" e para "alívio da ansiedade". Ainda hoje o Bhang é consumido livremente em algumas partes da Índia pelos recém-casados na noite de sua lua-de-mel, como afrodisíaco. A religião hinduísta acredita que a Cannabis é um presente dos Deuses. De fato, diz-se que a planta teve origem quando Shiva (uma das personalidades de Deus na tríade dessa religião), chegando a um banquete preparado por sua esposa Parvati, começa a salivar ao ver tantas delícias e das gotas de sua saliva que caem ao chão surge a planta abençoada.
Os Shivaístas, devotos de Shiva, fumam continuamente a ganja (a planta feminina) com o charas (a resina das flores) para meditarem e se elevarem espiritualmente. Eles consideram que o chillum - o cachimbo onde a planta é fumada - é o corpo de Shiva, o charas é a mente de Shiva, a fumaça resultante da combustão da planta é a divina influência do Deus e o efeito desta, sua misericórdia. Os citas também faziam uso mágico-religioso da cannabis. Esta era privilégio dos nobres que se reuníam para consumi-la em tendas especialmente construídas para este fim. Estas tendas eram montadas sobre as areias do deserto e um grande buraco era aberto onde queimavamtoras de madeiras arométicas. Quando estas estavam em brasa, três ou quatro pés da planta eram jogado inteiros no buraco que era então coberto com uma tampa feita de pele de carneiro, exceto por uma abertura em torno da qual os participantes se reuniam para gozarem dos vapores que se elevavam. Isso há 2.800 anos.
Os Assírios conheciam a planta a qual chamavam Kunubu ou Kunnapu, que veio dar no latin Cannabis. A planta era cultivada pelo rei, que a distribuía diariamente, junto com um litro e meio de cerveja, para todos os cidadãos, num claro exemplo de uso hedonístico, não anônimo. As qualidades medicinais da planta estão descritas em escrita cuneiforme num dos livros mais antigos da humanidade e que fazia parte da Biblioteca de Assurbanipal há 2.700 anos. Este livro pode ser visto hoje no British Museum em Londres.
Entre os Gregos, a Cannabis na forma de haxixe era ingerida junto com o ópio na célebre preparação (descrita por Homero) chamada nepenthes, que aliviava as dores, angústias e preocupações. Dvido a proibição do Corão ao uso do álcool, desde sempre o haxixe e a Cannabis têm sido o embriagante preferido dos povos islâmicos. A célebre seita dos haxixin, liderada pelo afamado Al-Hassan Ibn Sabbah, o Velho da Montanha, fazia uso da planta. Seu líder levava os membros a um recinto onde estes fumavam haxixe em meio a um lauto banquete servido por jovens e belas mulheres que lhes atendiam em todos os seus desejos. Após isto, o Velho da Montanha lhes dizia que assim gozariam do paraíso de Allah caso cometessem assassinatos políticos que favorecessem a seita. A palavra assassino tem origem a partir desse episódio, já que os membos da seita eram chamados haxixin. É certo que os cruzados que os combateram aprenderam destes o uso do haxixe levando-o consigo de volta à Europa.
Com a islamização do norte da África, a planta se espalha rapidamente por este continente e breve não só os povos islamizados dela fazem uso entusiástico como também as tribos animistas do resto da África. Um rei africano apresentado à erva, converte-se a seu culto e a tribo passa a se chamar Bena Riamba - "os irmãos da Cannabis". Todo dia ao pôr-do-sol, os membros desta tribo se reúnem em roda no pátio central da aldeia para fumar a planta. antes de passar o cachimbo, olham-se nos olhos dizendo: "Paz irmão da Cannabis". Representantes desta tribo são até hoje encontrados na costa sul de Moçambique. Assim como os Bena Riambe, muitas outras tribos se convertem ao uso da planta, incorporando-a em destaque no seu panteão. A palavra maconha, nome pelo qual é conhecida entre nós, vem de Ma Konia, mãe divina num dialeto da costa ocidental africana. Apesar de se saber que as caravelas portuguesas tinham seu velame e cordame feitos da fibra do cânhamo (Cannabis sativa), acredita-se que a Cannabis tenha sido introduzida no Brasil pelos negros escravos que pra cá foram trazidos. Os nomes pelos quais a planta é conhecida no Brasil indicam tal fato, já que são todos nomes de origem africana: fumo d'angola, Gongo, Cagonha, Maconha, Marigonga, Maruamba, Dirijo, Diamba, Liamba, Riamba e Pango. Este último vem do sânscrito Bhang, através do árabe Pang, até o africanismo Pango. De toda forma a planta esteve desde o início associada à população de origem africana sendo que a ampliação de seu uso, atingindo também aqueles de origem européia, era considerada por autores como Rodrigues Dória como "uma vingança da raça dominada contra o dominador". Os cultos afro-brasileiros sempre utilizaram a Cannabis. Já no século XVIII, os relatos sobre os calundus - reuniões de negros ao som de tambores - indicavam a presença da planta, que era inalada pelos participantes, deixando-os "absortos e fora de si". Até a década de 30 do século XX, quando são legalizados os Candomblés e Xangôs, a Cannabis era constantemente apreendida nos terreiros junto com os objetos de culto. A cannabis é considerada planta de Exu, sendo consagrada a esta divindade.
Em 1830, a legislação do município do Rio de Janeiro punia o uso do "pito de pango", como era conhecida a Cannabis com pena de multa de 5 mil réis ou dois dias de detenção, esta foi nossa primeira lei a respeito da planta.
Nas décadas de 20 e 30 deste século, são produzidos os primeiros trabalhos científicos brasileiros a cerca do hábito de fumar Cannabis. apesar de seus autores serem em sua quase totalidade médicos preocupados em justificar a proibição da planta, estes tinham um olhar etnográfico sensível, descrevendo com minúcias os rituais do "clube de diambistas", nome dado à associação de indivíduos com o intuito de fumar Diamba. Os diambistas eram, preferencialmente, membros dos estratos mais baixos da população brasileira, em especial pescadores que se reuniam para fumar a erva cantando loas a esta. São dessa época os famosos versos: "Diamba, sarabamba, quando fumo Diamba, fico com as pernas bambas. Fica sinhô? Dizô, dizô". Termos utilizados pelos diambistas, como "fino", "morra" e "marica" entre outros, são até hoje parte da gíria própria dos usuários de Cannabis.
A distribuição geográfica do consumo de Cannabis na época incuía Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Maranhão e Bahia. Daí, pouco a pouco o hábito se espalha e, a partir da década de 60, com a contra-cultura, passa a atingir outros estratos sociais. Atualmente seu uso é amplamente disseminado entre as camadas médias urbanas. Também os povos do novo mundo não ficaram imunes à Cannabis. Hoje em dia no Brasil, os Mura, os Sateré-Mawé e os Guajajaras fazem uso tradicional da erva. Os Guajajaras tem a planta em alta estima e sua presença na mitologia do grupo atesta a antiguidade de seu uso, que remontaria à segunda metade do século XVII. A planta é consumida no contexto xamânico, junto com o tabaco para proporcionar o transporte místico do Pajé e na sua divinação. No contexto profano, a erva é inalada em grupo antes de trabalhos pesados nos mutirões para dar disposição, indicando que a chamada "síndrome amotivacional" - associada a Cannabis - possa ser um fenômeno antes cultural que uma decorrência dos seus princípios ativos, Os dados jamaicanos parecem confirmar essa tese, uma vez que nesse país a Cannabis é amplamente fumada por trabalhadores rurais como estimulante antes de trabalhos pesados e extenuantes.
Outros nativos da América também usam a Cannabis, entre os quais estão os índios Cuna do Panamá, que já possuíam escrita antes da chegada dos europeus, os índios Cora do México, e outros. Hoje em dia existem religiões organizadas onde observa-se o uso da Cannabis. Para os Rastafari da Jamaica, a planta é Kaya, energia feminina de Deus. Seu uso diário naquilo que é chamado "Irie meditation", a meditação na energia positiva, é justificado pelas seguintes passagens da Bíblia no Gênesis: "Eu sou Jeová teu Deus, eis que te dou toda planta que há sobre a terra, e que da semente nela mesma, para que fazeis bom uso dela" e no livro das revelações, o Apocalipse, quando descreve o paraíso: "Vi também a árvore da vida, cujas folhas são a cura das nações"
Para a doutrina do Santo Daime, a planta é sagrada e identificada com Santa Maria, a mãe de Jesus. Para consagrá-la, é nescessário aderir a um uso diferenciado, sendo a planta consumida exclusivamente durante os rittuais, em silêncio, com o pito, a designação nativa para baseado, passando sempre no sentido anti-horário, isto é, da direita para a esquerda. Devida à longa história de associação entre nossa espécie e a Cannabis, esta apresenta um grande polimorfismo decorrente das inúmeras hibridizações levadas a cabo com a intenção de desenvolver plantas com qualidades desejadas. Sendo uma planta dióica, ou seja, possuindo os sexos separados em duas plantas: uma macho e outra fêmea, o gênero Cannabis compreende três espécies distintas: sativa, indica e ruderalis.

retirado de:
http://www.makonheiro.hpg.ig.com.br/historia.htm

domingo, 17 de abril de 2011


As Pedras-Cogumelos



No Sul do México, entre os descendentes dos Astecas e dos Mayas é um cogumelo, o teonanacatl, ou "carne de Deus", que constitui o alimento divino próprio a ajudar o homem a subir o rio de suas metamorfoses até sua primeira origem. Com os psilocibes, consumidos ritualmente, os índios mazatecas e zapotecas - entre outros - empreendem ainda hoje a viajem contra a corrente que, além dos espaço e do tempo, os leva - pelo menos é o que afirmam - da periferia do mundo onde reinam a miséria e o sofrimento até o Jardim primitivo, entre os deuses de seus ancestrais.

Essa volta ao estado primordial, atribuida ao cogumelo divino, é evocada num afresco descoberto em Tépantitla, e que representa uma alma visitando o Tlalocan, ou Paraíso de Tlaloc, o deus da chuva e dos teyuinti, em outras palavras os cogumelos alucinógenos. Um rio atravessa o país, um fio de água dele se destaca e une a alma ao rio, como que para testemunhar sua união essencial. Um pouco mais longe, o gênio dos cogumelos, sob a aparência de um hombrecito, está acocorado sob a árvore paradisíaca. Sobre esta última uma serpente aérea desdobra suas espirais, como que para lembrar-nos que a árvore da Vida está sempre guardada por um monstro.

Concepções análogas inspiraram os escultores das pedras cogumelos descobertas no Máxico e na Guatemala.

Entres estas pedras esculpidas, as mais comuns representam um agárico cujo chapéu circular cobre um pé cilíndrico pousado sobre um soco de base quadrada ou retangular. Outros pelo contrário, trabalhados sabiamente, associam ao criptograma uma personagem ou um animal. As maiores atingem 30 ou 35 centímetros. A maioria destas esculturas são de origem Maya. As mais antigas parecem remontar ao século X, se não ao XII antes de Cristo; as mais recentes datam do século VIII ou do IX depois de Cristo.

Com seu tipo vertical e seu chapéu sensivelmente hemisférico, o agárico lembra um pequeno guarda-chuva. Esta comparação requer algumas explicações.

É por isso que, entre os hindus, o "guarda-chuva" é o emblema do Chacravarti ou Monarca Universal. Assim como o trono é uma insígnea da realeza; mas, ao passo que o segundo se refere ao poder temporal do soberano, o primeiro diz respeito à sua força espiritual. Sentado sob o guarda-chuva sagrado, o Chefe situa-se ritual e simbólicamente sobre o eixo que liga o Céu e a Terra: ele é, aos olhos de todos, o "mediador" entre os homens e os Deuses. Essas correspondências têm suas origens no simbolismo próprio à forma menos específica, mas a mais dinâmica de todas, que é a esfera, de um lado, e de outro a que pode ser considerada como a forma mais extática, isto é, o cubo. É por isso que, em todas as épocas, o pólo essencial da Manifestação tem sido representado por um barrete esférico - abóboda ou cúpula - ao passo que seu pólo substancial estava associado à formas cúbicas mais ou menos alongadas ou achatadas.

No espírito dos povos depositários de uma tradição, a Manifestação inteira e o homem em particular estavam contidos entre a forma esférica original do Ovo do Mundo e a forma cúbica de sua solidificação progressiva e sua cristalização final.

Os templos de base quadrada e teto circular, refletiam este simbolismo cósmico; o grande sacerdote ocupando a parte central do edifício sagrado reintegrava, de certo modo publicamente, o Centro primordial e identificava-se com o Eixo do Mundo. O povo todo podia, então, saudar em sua pessoa a última encarnação do Deus Sol, e inclinar-se diante daquele que aparecia como o regulador da ordem cósmica tanto quanto da ordem social.

Em Mitla, visitamos um templo, verdadeiro prodígio da arquitetura Tolteca, e descemos à uma cripta em forma de cruz. Na intersecção das galerias que formam esta última existe uma coluna truncada que materializa o eixo do edifício e, portanto, o Eixo do Mundo.

Entre as pedras-cogumelos conhecidas, há duas que estão certamente entre as mais significativas. A mais antiga, que representa um agárico fixado no dorso de um jaguar, foi descoberta na Guatemala e remonta ao século X a.C.; a mais recente, que se acha atualmente no Museu Rietberg, em Zurique, reúne um criptograma e uma figura humana e data do começo do período clássico da civilização zoomórfica (300 a 600 anos d.C.).

A escultura zoomórfica resulta da combinação de dois símbolos tradicionalmente inseparáveis: a Árvore da Vida, de um lado, e o monstro que lhe defende o acesso do outro. A exemplo do guarda-chuva dos orientais, o agárico idealizado nas pedras-cogumelos simboliza plenamente essa parte do Eixo do Mundo que liga diretamente o paraíso terrestre aos degraus da existência universal, que são os Céus. Observemos o quadriculado gravado sobre a estipe. A impressão que se tem é a de uma teia de malhas largas que cobririam o eixo de toda a sua altura, como que para sugerir, além da opacidade da pedra, um vazio essencial, dando ao mesmo tempo a idéia da realidade metafísica oculta sob o símbolo.

Quanto ao Jaguar que, com as garras de fora constitui o soco sobre o qual repousa o cogumelo, ele é - como também a serpente e o dragão - o "Guardião do Umbral" com o qual se devem medir os candidatos à Iniciação.

Colocado entre a esfera e o cubo o jaguar situa-se simbolicamente entre o pólo celestial e o pólo terrestre. Estamos certamente diante de uma representação do "Filho do Céu e da Terra", do mediador por exelência que, na época das antigas civilizações solares, exercia a dupla função de Pontífice e Soberano.

A base desta escultura, como trono de pirâmide, lembra as pirâmides do México e de outras partes cujo simbolismo se assemelha estreitamente ao do cubo. Na realidade enquanto a arquiteutra cúbica corresponde a uma visão estática do pólo substancial, a estrutura piramidal refere-se ao processo involutivo da Manifestação, cujo distanciamento progressivo se efetua no sentido de uma quadratura crescente.

O culto do teonanacatl é certamente muito antigo. Atualmente os psilocybesalucinógenos são consumidos frescos e inteiros, mas tudo leva a crer que no princípio eram esmagados a fim de extrair-se uma "beberagem da imortalidade", análogas aquelas que são tiradas da polpa do peyote, dos grãos de ololiuhqui - cujo princípio ativo é semelhante ao LSD 25 - e das folhas de "pastora".

Possuimos, realmente uma grande pedra cogumelo antropomórfica muito característica nesse sentido. A silhueta que suporta a estipe do agárico é a de uma mulher de joelhos, inclinada sobre uma espécie de mó chata e retangular, o metate do qual os índios desta região se servam ainda hoje para esmagar todas as espécies de grãos. Na província de Oaxaca, as curandeiras operam deste modo com os grãos da ipomea violacea.

Os alimentos sagrados dos índios do México podem ser comparados às beberagens de imortalidade da Índia e da Pérsia. "Bebemos o Soma, tornando-nos imortais, chegamos à Luz, atingimos os Céus..." proclamam os hindus no templo dos Vedas. "O primeiro dom que imploro de ti" escrevia Zaratustra "o Haoma que afasta a morte, é o paraíso dos justos resplendentes e bem aventurados".

Assim como o Soma e o Haoma, o teonanacatl dos Astecas e dos Mayas era principalmente - na origem - um instrumento de reintegração ao estado primordial, um meio ritual de reencontrar a condição dos espíritos e o caminho do Paraíso perdido. Se nos faltam textos escritos, os afrescos e as pedras-cogumelos demonstraram, na linguagem universal dos símbolos, uma Ciência esquecida, e seu testemunho concorda com os do Rig-Veda e do Avesta.

Se o culto dos cogumelos sagrados se degradou no curso dos séculos, ainda sobrevive no Sul do México. Os relatos sobre a experiência com Psilocybes nos falam sobre a subida extática através dos Céus, do encontro e do diálogo do sujeito com os Deuses e seus ancestrais, assim como da maravilhos certeza - alcançada no ponto culminante da experiência - de ter recobrado o "senso da eternidade".

Durante os ágapes fungosos, limpam-se os psilocybes, tirando-les a terra, e eles são enfileirados dois a dois e contados aos pares. O número de pares depende da constituição do sujeito. cada par se compõe de um cogumelo macho e um cogumelo fêmea. A curandeira que formou os pares apresenta-os a pessoa. Os cogumelos são, portanto "casados" quando levados à boca, como se, pelo sacrifício destes singulares cônjugues, todas as dualidades, todos os contrários devessem reconciliar-se no coração do paciente e fundir-se na unidade reencontrada.


Fonte:

Mandala. A experiência alucinógena. Ed. Civilização Brasileira. 1972


sábado, 2 de abril de 2011

Xochipilli

Antiga estátua do século XVI representando o deus asteca Xochipilli, no qual estão gravadas diversas representações de plantas e fungos psicoativos. Segundo a enciclopédia livre Wikipédia era o deus do amor, dos jogos, da beleza, das danças e da juventude. Era um deus que fazia nascer as flores, seu nome significa literalmente Príncipe das flores (Xochi = flores Pilli = príncipe). fontes: Wikipédia Peter E. Furst. Cogumelos Psicodélicos. Ed. Nova cultural.1989