domingo, 30 de setembro de 2012

Crianças inteligentes têm mais chance de usar drogas!

Um novo estudo afirma que crianças inteligentes têm mais propensão a usar drogas ilegais como cocaína, maconha e ecstasy quando crescerem.
Os cientistas acreditam que isso acontece como uma forma de evitar o bullying, e também por pensarem que a vida é entediante. Surpreendentemente, o efeito acontece mais com garotas.
Em comparação com as de inteligência menor, um QI alto feminino resulta em uma chance duas vezes maior de usar cocaína ou maconha até os 30 anos. O efeito nos garotos é também notável, com chances 50% maiores.
Uma equipe da Universidade de Cardiff analisou quase oito mil pessoas nascidas em uma semana de abril de 1970, que já participavam de um estudo de acompanhamento durante a vida. Todos os catalogados tiveram seus QIs testados entre os cinco e dez anos. O uso de drogas foi reportado pelos próprios participantes, entre os 16 e 30 anos.
Aos 16, 7% dos garotos e 6,3% das garotas haviam usado maconha. De acordo com o estudo, essa minoria apresentava um QI maior do que os outros.
Aos 30 anos, 35,4% dos homens e 15,9% das mulheres haviam usado maconha, enquanto para cocaína os índices foram de 8,6% e 3,6%, respectivamente.
Os autores comentam que “entre a maioria das drogas (exceto anfetamina nos homens), homens e mulheres que confirmaram o uso nos últimos 12 meses tinham um QI significativamente maior quando crianças do que os que não usaram”.
Apesar do estudo não pesquisar o porquê do uso, não foi encontrada nenhuma evidência de que a classe social dos pais estivesse relacionada com a escolha futura da pessoa.
Entretanto, os autores comentam que outros estudos sugerem que “crianças prodígio – com um QI maior do que 130 – relatam grandes níveis de tédio e de estigmas sofridos, o que poderia aumentar a vulnerabilidade de usar drogas como forma de se isolar”.
James White, da Universidade de Cardiff, comenta: “Apesar de ainda não ser claro o porquê da relação entre um QI alto e o uso de drogas ilícitas, estudos anteriores mostram que essas pessoas estão mais abertas a novas experiências e ansiosas por novidade e estímulo”.

retirado de hypescience

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

CRACK: o que você deve saber e o que não querem que você saiba!


Não faltam campanhas vinculadas aos órgãos institucionais e/ou governamentais que apresentam o crack como uma droga devastadora, que destrói famílias, gera criminalidade e vicia desde a primeira vez de uso. Tais dados NÃO CORRESPONDEM A REALIDADE E NOS IMPEDEM DE VER O FENOMENO DE MODO ABRANGENTE EM TODAS AS SUAS VARIÁVEIS ALÉM DE REDUZIR OU ENUBLEAR NOSSA CAPACIDADE DE GERAR ALGUMA SOLUÇÃO VIÁVEL PARA O PROBLEMA. Os dados que se seguem foram retirados e adaptados da revista Mente & Cérebro®*:

- Cerca de 80% dos usuários de crack são usuários recreacionais: isto significa que esta porcentagem de usuários são pessoas produtivas que possuem trabalho e família. O que não significa que não haja risco de dependência ou outras complicações derivadas da droga.

- Uma única dose não induz à dependência química: De acordo com a psiquiatra Ana Cecília Marques, da Abead (Associação Brasileira do Estudo de Álcool e Drogas) “A idéia de que uma única dose é suficiente para causar dependência não se aplica à nenhuma droga. A noção é distorcida e pode ter resultado contrário ao desejado, principalmente entre os mais jovens, que podem experimentar o crack e, diante dos efeitos, desacreditarem as campanhas e achar que as consequências não são reais”. O script “usou uma vez, viciou” pode sugestionar aqueles que forem experimentar a pedra, ao fazerem-no podem já se considerarem dependentes vindo a se tornar exatamente isto.

- A relação entre crack e criminalidade não é expressiva: A relação entre o consumo de cocaína e seus derivados com comportamentos impulsivos e violentos, sugerida por estudos mais antigos é reducionista. O mais adequado para medir a possibilidade de dependência seriam os “fatores de risco” como define a Organização das Nações Unidas/ONU: fatores tanto sociais como individuais, nível de auto-estima, predisposição genética, ambiente social e familiar, acesso a moradia, saúde e educação. “Até para as drogas ‘pesadas’ existem usuários ocasionais. Porque alguns conseguem cheirar cocaína esporadicamente e outros são dependentes? O que basicamente os diferencia são os outros fatores – se a pessoa tem algum transtorno psíquico associado, como depressão e ansiedade, ou se começa a usar o álcool ou a cocaína para resolver problemas” Explica o psiquiatra Dartiu Xavier, coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad) da Universidade Federal de São Paulo/Unifesp.

- A internação compulsória é ineficaz: Em 2011 o Governo Federal anunciou o “Plano de enfrentamento ao crack e outras drogas” críticas não faltam a esta patética medida criada para acalmar pessoas já tão amedrontadas e pouco informadas pelo mesmo Governo Federal e sua máfia de bandidos usando ternos e gravatas. Está previsto um investimento (do qual uma ENORME parte será desviada) de R$4 bilhões em combate ao tráfico, tratamento de usuários e estratégias de prevenção (as mesmas estratégias de medo e divulgação de dados pseudo-científicos). Entre tais medidas está a internação compulsória que fere escancaradamente os direitos de nossa chamada ““democracia”” ao internar pessoas contra sua vontade em clínicas quase sempre precárias. A internação compulsória “é MAL SUCEDIDA EM 98% DOS CASOS. A pessoa internada deixa de ter acesso à substância porque está em isolamento social. No entanto, no momento em que sai do hospital e depara com os mesmos problemas de antes recai” diz Dartiu Xavier.
Em 2010 o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) avaliou o atendimento psiquiátrico de 230 Caps do estado. Constatou que faltam médicos, leitos de retaguarda e capacitação pessoal – dos dez Caps de Álcool e Drogas analisados, apenas um tinha psiquiatra disponível.

O papel dos canabinóides: Diferentemente da heroína, não há drogas da mesma classe da cocaína que possa ser usada como estratégia de redução de danos. Entretanto um estudo observacional com 50 usuários de crack, conduzido por Xavier, apontou que 68% deles conseguiram resistir à abstinência com o uso de maconha. A descoberta mostra que estudar os canabinóides e como eles agem pode ajudar a desenvolver tratamentos mais eficazes para a dependência química.

*Mente & cérebro edição especial Nº31 “como as drogas agem no cérebro”. Ed. Duetto

links relacionados:


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domingo, 23 de setembro de 2012

O Relachamento da Função Simbólica*

A incrível capacidade de produzir símbolos e imagens manifesta-se fortemente em inúmeras pessoas que tomam uma droga, ou passeiam pela literatura. Huxley, Watts, Leary, Dunlap, Newland e outros escreveram brilhantemente e às vezes eloquentemente sobre o assunto.
            O autor do presente artigo, na época em que tomou o LSD pela primeira vez, ficou atônito com a descoberta da fantástica fertilidade de sua própria imaginação e dos centros produtores de símbolos, sob o efeito da droga. Sentiu novamente a experiência do nascimento, viu-se transformado em personagens mitológicas, flutuou graciosamente através de belas cavernas de gelo reluzente e de magníficas catedrais góticas incrustadas de ouro; viu, com respeito, comporem-se e recomporem-se amostras de joias, numa variedade infinita de mandalas de formas vivas, maravilhas de incrível beleza modulando-se em infinitas variações de si mesmas, dissolvendo-se em galáxias revoluteantes de dimensões e significações infinitas, ou se transformando em formas livres maravilhosamente únicas, dançando com uma espontaneidade total em imprevisíveis construções plenamente extáticas. Houve principalmente a experiência da luz. Surgiu sob inúmeras formas: como um “centro de diamante” de brilho incrível (e, de certo modo, de uma significação incrível); como modelos de chamas vivas, superpondo-se numa espécie de equivalente visual da música, visível, apreendida diretamente pelo olho interior sob uma forma tridimensional, inflamando-se a partir de si mesma; e também como campos, bancos, muros, fortalezas, árvores e riachos cheios de rebentos e de pedras preciosas vivas.
            Somos aqui levados diretamente ao problema da intencionalidade. Este esplendor interno, evidentemente, não era, como diria Korzybski, extensivo (extensional). Não convinha a uma verificação ou a uma inspeção pública. Ninguém, a não ser o autor poderia confirmar a realidade do espetáculo. Esta realidade, no entanto, parecia indubitável; dava mesmo a impressão de uma realidade de ordem superior à realidade extensiva. Parecia também ter uma significação superior – ou antes, ser o próprio significado, não o símbolo de outra realidade, mas o próprio ato da simbolização; não precisamente “significando” qualquer coisa, mas significando o signo como tal.
            Kenneth Boulding disse que a possível proliferação, no homem, de imagens internas é ao mesmo tempo sua maior glória e seu maior azar. Isto lhe da ensejo de elaborar mapas que o fazem atravessar uma vida sensata, mas também os mapas mentirosos que o fazem perder-se na floresta. Em outras palavras, esta proliferação lhe permite tanto extensificar como intensificar. Extensificação e intensificação, o público e o particular vão de um a outro. Os fatos brutos (dados do universo) são caóticos e sem significação, até que uma espécie de estrutura lhes seja imposta; aí, então, adquirem senso e ordem. Esta estrutura nos serve de mapa, permitindo-nos atravessar a vida com uma compensação suficiente.
            A significação das coisas, entretanto, não reside nem nelas mesmas, nem totalmente em nós, mas antes num tráfico entre o interno e o externo – com uma preponderância particular do interno. Mais precisamente, as significações aparecem como descobertas, mas, de fato, são construções. Com o LSD 25, parece que entramos em confronto com esta parte de nosso ser interior onde o processo de estruturação opera em estado puro. É uma experiência fulminante. Aquele que a conheceu dificilmente a esquecerá; só pode avançar depois de ter visto, uma vez, sua própria intencionalidade numa forma isolada, estando mais apto a usá-la e a não se deixar iludir criando mapas para os quais não há território.

* Texto de Richard P. Marsh (livro 'Mandala - A Experiência Alucinógena')


quinta-feira, 24 de maio de 2012

Primórdios da Psicodelia

Louis Lewin foi um dos investigadores mais relevantes para o estudo interdisciplinar dos alucinógenos. Há mais de um século este famoso toxicólogo berlinês captou o profundo significado dos enteógenos na evolução cultural da raça humana quando escreveu o seguinte trecho em seu livro Phantastica:
           
“Desde que conhecemos o homem, sabemos que ele vem consumindo substâncias que não possuem valor nutritivo e que têm sido usadas com o único objetivo de produzir, por certo tempo, um sentimento de euforia, de paz ou um elevado e agradável estado subjetivo de bem-estar. O homem encontrou tais poderes em bebidas alcoólicas e em algumas poucas substâncias vegetais, as mesmas que ainda são empregadas para este fim.

“Sua energia potencial vem cobrindo toda a terra e tem estabelecido a comunicação entre distintos povos, apesar das montanhas e mares que os separam. Estas substâncias formaram uma ponte de união entre pessoas de hemisférios opostos, entre os civilizados e os não-civilizados e, desde que cativaram os homens, lhes abriram caminhos para sua expansão, de que logo foram úteis para outros propósitos. Produziram nos povos antigos características que foram conservadas até nossos dias, demonstrando um maravilhoso grau de interação entre pessoas distintas de forma tão exata e precisa como a que um químico pode observar entre duas substâncias por meio de suas reações. Parecem sempre ser necessários centenas ou milhares de anos para estabelecer -através destes meios - o contato inconsciente entre povos inteiros de todo um continente.

 “Os motivos do uso habitual ou ocasional destas substâncias são muito mais interessantes para o pensador do que a mera coleta de dados que há acerca delas. Aqui se encontram todos os contrastes humanos - barbárie e civilização - em todos seus diferentes graus de possessões materiais, status social, conhecimento, crenças, idade e dons do corpo, da mente e da alma.

“Neste plano se encontram o governador e o governado; o selvagem de uma ilha próxima dos bosques do Congo ou dos desertos de Kalahari se encontra com os poetas, filósofos, cientistas, legisladores, homens de estado, misantropos e filantropos; marcham ombro com ombro o homem de paz e o homem de guerra, o devoto e o ateu.

“Os impulsos físicos que são capazes de unir classes tão diversas e incalculáveis de homens sob seu encanto devem ser extraordinários e poderosos. Muitos têm expressado opiniões acerca destas substâncias, porém poucos às tem calado em seu conjunto e em suas propriedades intrínsecas e, menos ainda, têm percebido seu mais profundo significado e compreendido os motivos que levam ao uso destas substâncias nas quais se armazenam semelhantes energias.”

À vários investigadores científicos corresponde o mérito de haver iniciado os estudos interdisciplinares sobre plantas alucinógenas e substâncias psicoativas. Em 1855 Ernst Freiherr von Bibra publicou Die narkotischen Genussmittel und der Mensch, onde estudou 17 plantas psicoativas. Fez assim um chamado aos químicos para estudar diligentemente esta área tão prometedora e cheia de enigmas. Mordecai Cooke, um micólogo britânico, publicou vários estudos especializados sobre fungos. Em 1860 publicou seu livro The Seven Sisters of Sleep, uma publicação que não era técnica mas sim popular e que constituía um estudo interdisciplinar sobre plantas psicoativas.

Em 1911 Carl Hartwich publicou Die menschlichen Genussmittel, extenso estudo onde descreveu detalhadamente sobre 30 plantas psicoativas; ademais, mencionou mais algumas, assim como o ano em que foi publicada a obra de Ernest Freiheer von Bibra. Apesar de que desde 1955 se havia levado a cabo apenas algumas investigações químicas e botânicas sobre estas plantas com propriedades ativas tão peculiares, Hartwich sustentava com grande otimismo que os estudos dos alucinógenos estavam em pleno desenvolvimento e já quase terminados.

Em 1924, 13 anos depois, Louis Lewin, talvês a figura mais influente da psicofarmacologia, publicou Phantastica, um livro de extraordinária profundidade interdisciplinar. Apresentou uma história completa de mais de 20 plantas e descreveu vários compostos sintéticos utilizados em todo o mundo por seus efeitos estimulantes e intoxicantes. Destacou sua importância para o estudo cientifico, especialmente nos campos da botânica, etnobotânica, química, farmacologia, medicina, psicologia e psiquiatria, assim como para a etnologia, historia e sociologia. Lewin escreveu a respeito de sua obra Phantastica que “o conteúdo deste livro oferece um ponto de partida para realizar novas investigações nas áreas cientificas anteriormente mencionadas”.

Desde 1930 até nossos dias o estudo interdisciplinar das plantas vem aumentando cada vez mais. Têm sido clarificados e comprovados muitos dos conhecimentos anteriores, e os novos descobrimentos em vários destes campos sucedem-se de maneira vertiginosa. Apesar dos avanços que alcançados durante os últimos 125 anos nas diferentes disciplinas ainda resta muitíssimo trabalho por fazer a respeito destas “plantas dos deuses”.

Tradução livre de: Plantas de los Dioses: orígenes del uso de los alucinógenos / Richard Evan Shultes e Albert Hoffmann / 2ªedição / FCE, 2000.

sábado, 19 de maio de 2012

2º seminário "Perspectivas de mudança na Política de Drogas" UFSC - Florianópolis - SC

UM BRASIL MAIS LEGAL!
Um modelo de legalização para o Brasil!

31/05/2012 e 01/06/2012
Auditório do Centro Sócio Econômico (CSE)
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)


Dia 31/05 – quinta-feira
Local: Universidade Federal de Santa Catarina
Auditório do Centro Sócio-Econômico
16h20 – Abertura: apresentação do InCa, balanço do evento passado, apresentação oficial da programação 2012
Convidados: Lucas Oliveira – Presidente do Instituto da Cannabis
18h – A história da Maconha em Florianópolis e “ O que é 4:20 ?” : Dados históricos e recentes do uso ecônomico e recreacional de Cannabis em Florianópolis, e a os motivos e fatos que tornaram os números 4 – 20 símbolos da luta antiproibicionista mundial.
Convidados: Lucas Lichy – Tesoureiro e Pesquisador do Instituto da Cannabis
20h – “Coquetel”


Dia 01/06 – sexta-feira
Local: Universidade Federal de Santa Catarina
Auditório do Centro Sócio-Econômico
9h30min – Abertura com membro do Inca
10h – coffee break
10h30min às 12h – Discussão Drogas e Cultura: o uso/abuso de drogas em contexto histórico, movimentos sociais pela legalização, disputas judiciais no campo antiproibicionista
Convidados: Henrique Carneiro (historiador), Marcelo Mayora (advogado Marcha POA), Mariana Garcia (advogada Marcha POA), Gerardo Santiago (advogado marcha nacional).
13h – Oficina de Arte – “Liberdade de Expressão”
14h às 16h – Discussão Drogas e Saúde Pública: Cannabis medicinal, Agência Reguladora, Redução de Danos
Convidados: Ari Seller,Daniel Feliciano, Dr. Ricardo Camargo Vieira, Emerson.
16h30min – Coffee Break
17h às 20h – Discussão Drogas e Políticas Públicas: segurança pública, mudanças na legislação
Convidados: Orlando Zacconi, Maria Lucia Karam, Marcia Arendt, Maria Paula Kern, Gerardo Santiago
20h30min – Encerramento: Apresentação da Carta de Florianópolis com as propostas de mudanças na política pública de drogas e assinatura dos presentes


Convide seus amigos!!!!

Confirme sua presença no facebook: https://www.facebook.com/events/464076866942885/

terça-feira, 15 de maio de 2012

Será lançada em maio a primeira revista sobre cannabis do Brasil

Revista foi divulgada na Marcha da Maconha do Rio de Janeiro, ocorrida no último sábado (5)
Por Felipe Prestes
Ocorrerá ainda no mês de maio o lançamento da revista semSemente, a primeira publicação impressa sobre maconha no Brasil. Depois de alguns contratempos, como o fato de uma gráfica ter desistido do trabalho, temendo alguma ação judicial, os editores da revista esperam lançá-la já neste sábado (12), durante a Marcha da Maconha de Niterói. E pretendem estar em Porto Alegre, revistas em mãos, na marcha do próxima dia 26, no Parque da Redenção. “A mídia sempre trata a cannabis de forma marginalizada, como droga. Não fala sobre os benefícios que ela pode trazer para a sociedade, como o uso medicinal e industrial. Falta uma publicação para mostrar o outro lado da moeda”, defende William Lantelme, um dos idealizadores do projeto.
“Eu já estou à frente da Marcha da Maconha desde 2007, administro o Facebook, o email. Meu sócio é fundador do Grow Room, primeiro fórum de internet sobre o tema no Brasil. A gente percebe que o pessoal carece muito de informação. Então, este é o nosso principal objetivo”, concorda o outro idealizador da revista, Matias Maxx.
A publicação não falará simplesmente do uso recreativo da planta, mas de vários assuntos relacionados à cannabis, como o cultivo, o uso religioso, gastronomia canábica, além de temas políticos e culturais. A primeira edição tem uma entrevista com Pedro Abramovay, que foi secretário nacional Antidrogas por um curto período do Governo Dilma, sendo demitido porque defendeu penas alternativas para pequenos traficantes. Também traz uma entrevista com um dos integrantes do Cypress Hill, grupo de hip hop dos Estados Unidos, que costuma falar sobre a maconha. A publicação também terá espaço para quadrinistas como Arnaldo Branco.
A revista será bimestral e custará R$ 11,90. As vendas serão feitas principalmente online e por assinatura, mas haverá distribuição em algumas bancas e livrarias das principais cidades do país. Os pontos de venda serão divulgados no site da publicação. A tiragem inicial será de 10 mil exemplares.
Momento é propício para o surgimento da publicação
A ideia de uma revista brasileira sobre maconha surgiu em 2007, depois que William e Matias participaram juntos da organização da primeira Marcha da Maconha, no Rio de Janeiro. “Havia um grupo muito bom de pessoas trabalhando juntas, não queria desperdiçar este time”, conta William, que, em seguida, viajou para a Argentina e conheceu a revista THC. Voltou para o Brasil com a ideia de dar continuidade ao trabalho da Marcha com a criação de uma revista.
“Sempre faltaram colaboradores e anunciantes. Agora, o projeto ficou mais viável”, conta. A publicação terá anunciantes como tabacarias e lojas de cultivo de plantas. O clima em 2012 é mais favorável à criação da revista, segundo os idealizadores, uma vez que há inúmeros grupos que organizam marchas em todo o país e também devido à decisão do STF, que pôs fim à onda de proibições às marchas. “É um momento bastante propício. A gente sempre teve muito receio com a questão da liberdade de expressão, porque as marchas começaram a ser proibidas. A decisão do STF, apesar de ser restrita à marcha, diz muito mais sobre a liberdade de expressão do que pontualmente da marcha. Os votos dos ministros citam até o direito de o Planet Hemp se expressar”, diz William Lantelme.
“Agora a gente achou que era o momento ideal para lançar, porque já tem mercado e teve a decisão do STF no ano passado. O STF já deixou claro que você defender a legalização é diferente de fazer apologia. É a isto que a nossa revista se propõe”, relata Matias Maxx.
A inspiração da revista não é apenas com a publicação argentina THC, que está completando cinco anos de existência. “Está inserida no contexto global”, afirma William. Os editores da revista mantêm permanente contato com ativistas de todo mundo e com publicações de outros países sul-americanos, como o Chile. “Nestes países eles têm interesse de traduzir as matérias deles para o Brasil. Eles insistiam para que fosse feita uma revista aqui”, conta Matias.
A primeira edição da revista já sai com fotos cedidas pela revista argentina e tem até anunciante da Holanda. Há também uma reportagem com Jorge Cervantes, um norte-americano especialista em cultivo de cannabis. Os organizadores também pretendem cobrir eventos relacionados à maconha, que costumam ocorrer fora do Brasil.

retirado de http://coletivodar.org/2012/05/sera-lancada-em-maio-a-primeira-revista-sobre-cannabis-do-brasil/

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Nicotina para Esquizofrenia

O fato de mais de 80% dos esquizofrênicos fumarem sempre chamou a atenção dos pesquisadores. Segundo os próprios pacientes, o cigarro parece aliviar os sintomas cognitivos, mas estudos já mostraram que este efeito é de curta duração; com o tempo os receptores de nicotina ficam dessensibilizados, tornando ineficaz a dose de cada tragada. Como alternativa, pesquisadores da Universidade do Texas estão investigando novas moléculas, entre elas a toxina de uma minhoca marinha, que se ligam com menos força aos receptores nicotínicos, o que torna os efeitos mais duradouros. As drogas estão sendo testadas em pacientes com esquizofrenia, doença de Alzheimer e síndrome do défict de atenção e hiperatividade. "Torcemos para que novos medicamentos possam tratar os sintomas cognitivos da esquizofrenia, mas isto ainda deve demorar alguns anos" afirma a psiquiatra Carol Tamminga, coordenadora do estudo. As pesquisas com a toxina da minhoca marinha estão sendo feitas na universidade da flórida. A GTS-21, como foi chamada, mimetiza os efeitos da nicotina no cérebro, mas não produz dependencia.

Fonte: Revista Mente & Cérebro ; Ano XV; Nº 180

domingo, 5 de fevereiro de 2012

"Que sabe o homem afinal? Nada, e todavia não se lhe permite ignorar nada.
Nada sabe e está convocado a conhecer tudo."

Eliphas Lévi

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Algumas palavras sobre Terence McKenna

Recentemente tive o privilégio de ler o livro O Retorno à Cultura Arcaica de Terence McKenna, fenomenal autor de outras obras como The invisible Landscape, Alucinações Reais e O Alimento dos Deuses. Pretendo abordar aqui, de forma bem geral, alguns pontos do livro que me chamaram a atenção e dos quais acredito ter condições de faze-lo.
Segundo Terence dentre todas as técnicas existentes capazes de produzir êxtase e viagens visionárias – como jejum, exercícios extenuantes e controle da respiração – nenhuma é mais potente e eficaz que o uso de plantas alucinógenas.
Terence ressalta as diferença entre as substâncias contidas nas plantas visionárias – como psilocibina e DMT – das substâncias sintéticas como o LSD e o Ecstasy. O DMT é eliminado do organismo em torno de 15 minutos após sua administração, o que significa que o corpo, ao longo da evolução, se tornou capaz de identificar e eliminar esta substância rapidamente, o que não ocorre com uma droga saída a pouco tempo de um laboratório. Além disso, Terence não usa o termo “psicodélico” que significa manifestação da mente, pois segundo ele o DMT e a psilocibina não nos colocam em contato com nossos conteúdos inconscientes, mas sim, nos põe frente à algo totalmente distinto que não está no nosso cérebro, uma realidade além, alienígena: “são drogas realmente alucinógenas. O tema central é um dilúvio de imagens visuais que, por mais que a pessoa tente, não consegue identificar como oriundas do subconsciente pessoal ou coletivo.”
Ao LSD, pelo que entendi, é cabível o termo “psicodélico” já que ele não compartilha com o DMT e a psilocibina esta propriedade de acesso a conteúdos que não estão na mente ou no cérebro. O sucesso do LSD como aliado às práticas terapêuticas está justamente em sua capacidade de trazer os conteúdos inconscientes à consciência, permitindo o resgate de memórias da infância e resolução de traumas.
Ainda segundo McKenna os cogumelos mágicos fontes da psilocibina não são espécies que se desenvolveram na terra: a excentricidade da molécula de psilocibina, as propriedades dos esporos dos cogumelos bem como os efeitos psíquicos que desencadeia o levam a concluir que o cogumelo é uma forma de vida extraterrestre cujos esporos são capazes de se espalhar e realizar longas viagens através do vácuo da galáxia conquistando novas terras. Foi desta forma que os cogumelos mágicos chegaram à terra.
Em relação ao uso de alucinógenos Terence – tal como Aldous Huxley autor de The Doors of Perception – defende um crescimento vertical do uso: isso quer dizer que o uso destas drogas deveria se feito por artistas, filósofos, cientistas, psicoterapeutas e intelectuais – pessoas inteligentes capazes de discutir e abordar a experiência de forma densa e produtiva, tornando possível desenvolver uma rica ciência em torno destes compostos. O psicólogo Timothy Leary na década de 70 estimulou um crescimento horizontal, estimulando jovens e estudantes de todas as classes a fazerem uso destas substâncias, o que gerou uma grande histeria social culminando com a proibição total das pesquisas e das substâncias alucinógenas (incluindo o LSD, a psilocibina e mescalina).
Outra importante questão abordada por Terence diz respeito a aplicarmos o conhecimento obtido na observação das plantas às nossas relações sociais, produções tecnológicas e no aperfeiçoamento e manutenção dos nossos recursos. Muitos evolucionistas observaram as relações de luta pela sobrevivência envolvendo a competição territorial dos animais e alguns até tentaram ver nas plantas o mesmo princípio; porém a estratégia de sobrevivência das plantas ao invés da competição envolve a cooperação com os organismos que as rodeiam: as plantas que a circundam, os fungos em suas raízes, os animais que vivem entre elas: “observadores mais sofisticados encontraram não a guerra da natureza que os darwinistas nos davam conta, mas uma situação na qual não era a capacidade de concorrer e sim a capacidade de maximizar a cooperação com outras espécies que contribuía mais diretamente para que qualquer organismo funcionasse e perdurasse como membro de um bioma”. A reciclagem, a utilização da energia fotovoltaica e a preservação da diversidade biológica são outros fatores ligados à vida vegetal que devem ser incorporados ao nosso estilo de vida.
            Estes são alguns dos pontos abordados por Terence em seu livro, Terence também faz colocações à respeito dos OVINIS, da “onda de tempo zero” envolvendo a ano de 2012 além de outras questões que não me vêm a mente agora. Tudo é abordado de forma ampla, inteligente e profunda, de modo que mantenho especial admiração e respeito por este cara!
Voce pode ler o capitulo 7 do livro O Retorno Arcaica clicando AQUI.
Paz e Luz a todos!
Pensais conhecer a dor
pensais conhecer a solidão
pensais conhecer
o medo e a alegria,
e a clareza de espírito
e uma definição para todos os fenômenos.
Estás porém em um grande redemoinho
sua cabeça é um turbilhão
e tudo aquilo que julgas conhecer tão claramente
é uma singela partícula de poeira
entre tantas trilhões de outras partículas.
Deixai o fluxo correr e correr
livre e sem rumo
sem nada
nenhuma partícula será capaz de se prender a ti
pois o empuxo do redemoinho
é muito grande!


"Voltem a examinar a psilocibina. Não a confundam com os outros alucinógenos, compreendam que ela é um fenômeno por si mesma, com enorme potencial de transformar os seres humanos – e não somente transformar as pessoas que ingerem, mas transformar a sociedade, tal como um movimento artístico, um novo conhecimento matemático ou um progresso científico transforma a sociedade. A psilocibina tem a possibilidade de transformar espécies inteiras, simplesmente em virtude das informações que transmite. É uma fonte de gnose, e a voz da gnose foi silenciada na mente ocidental há pelo menos mil anos."

Terence McKenna