domingo, 30 de setembro de 2012

Crianças inteligentes têm mais chance de usar drogas!

Um novo estudo afirma que crianças inteligentes têm mais propensão a usar drogas ilegais como cocaína, maconha e ecstasy quando crescerem.
Os cientistas acreditam que isso acontece como uma forma de evitar o bullying, e também por pensarem que a vida é entediante. Surpreendentemente, o efeito acontece mais com garotas.
Em comparação com as de inteligência menor, um QI alto feminino resulta em uma chance duas vezes maior de usar cocaína ou maconha até os 30 anos. O efeito nos garotos é também notável, com chances 50% maiores.
Uma equipe da Universidade de Cardiff analisou quase oito mil pessoas nascidas em uma semana de abril de 1970, que já participavam de um estudo de acompanhamento durante a vida. Todos os catalogados tiveram seus QIs testados entre os cinco e dez anos. O uso de drogas foi reportado pelos próprios participantes, entre os 16 e 30 anos.
Aos 16, 7% dos garotos e 6,3% das garotas haviam usado maconha. De acordo com o estudo, essa minoria apresentava um QI maior do que os outros.
Aos 30 anos, 35,4% dos homens e 15,9% das mulheres haviam usado maconha, enquanto para cocaína os índices foram de 8,6% e 3,6%, respectivamente.
Os autores comentam que “entre a maioria das drogas (exceto anfetamina nos homens), homens e mulheres que confirmaram o uso nos últimos 12 meses tinham um QI significativamente maior quando crianças do que os que não usaram”.
Apesar do estudo não pesquisar o porquê do uso, não foi encontrada nenhuma evidência de que a classe social dos pais estivesse relacionada com a escolha futura da pessoa.
Entretanto, os autores comentam que outros estudos sugerem que “crianças prodígio – com um QI maior do que 130 – relatam grandes níveis de tédio e de estigmas sofridos, o que poderia aumentar a vulnerabilidade de usar drogas como forma de se isolar”.
James White, da Universidade de Cardiff, comenta: “Apesar de ainda não ser claro o porquê da relação entre um QI alto e o uso de drogas ilícitas, estudos anteriores mostram que essas pessoas estão mais abertas a novas experiências e ansiosas por novidade e estímulo”.

retirado de hypescience

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

CRACK: o que você deve saber e o que não querem que você saiba!


Não faltam campanhas vinculadas aos órgãos institucionais e/ou governamentais que apresentam o crack como uma droga devastadora, que destrói famílias, gera criminalidade e vicia desde a primeira vez de uso. Tais dados NÃO CORRESPONDEM A REALIDADE E NOS IMPEDEM DE VER O FENOMENO DE MODO ABRANGENTE EM TODAS AS SUAS VARIÁVEIS ALÉM DE REDUZIR OU ENUBLEAR NOSSA CAPACIDADE DE GERAR ALGUMA SOLUÇÃO VIÁVEL PARA O PROBLEMA. Os dados que se seguem foram retirados e adaptados da revista Mente & Cérebro®*:

- Cerca de 80% dos usuários de crack são usuários recreacionais: isto significa que esta porcentagem de usuários são pessoas produtivas que possuem trabalho e família. O que não significa que não haja risco de dependência ou outras complicações derivadas da droga.

- Uma única dose não induz à dependência química: De acordo com a psiquiatra Ana Cecília Marques, da Abead (Associação Brasileira do Estudo de Álcool e Drogas) “A idéia de que uma única dose é suficiente para causar dependência não se aplica à nenhuma droga. A noção é distorcida e pode ter resultado contrário ao desejado, principalmente entre os mais jovens, que podem experimentar o crack e, diante dos efeitos, desacreditarem as campanhas e achar que as consequências não são reais”. O script “usou uma vez, viciou” pode sugestionar aqueles que forem experimentar a pedra, ao fazerem-no podem já se considerarem dependentes vindo a se tornar exatamente isto.

- A relação entre crack e criminalidade não é expressiva: A relação entre o consumo de cocaína e seus derivados com comportamentos impulsivos e violentos, sugerida por estudos mais antigos é reducionista. O mais adequado para medir a possibilidade de dependência seriam os “fatores de risco” como define a Organização das Nações Unidas/ONU: fatores tanto sociais como individuais, nível de auto-estima, predisposição genética, ambiente social e familiar, acesso a moradia, saúde e educação. “Até para as drogas ‘pesadas’ existem usuários ocasionais. Porque alguns conseguem cheirar cocaína esporadicamente e outros são dependentes? O que basicamente os diferencia são os outros fatores – se a pessoa tem algum transtorno psíquico associado, como depressão e ansiedade, ou se começa a usar o álcool ou a cocaína para resolver problemas” Explica o psiquiatra Dartiu Xavier, coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad) da Universidade Federal de São Paulo/Unifesp.

- A internação compulsória é ineficaz: Em 2011 o Governo Federal anunciou o “Plano de enfrentamento ao crack e outras drogas” críticas não faltam a esta patética medida criada para acalmar pessoas já tão amedrontadas e pouco informadas pelo mesmo Governo Federal e sua máfia de bandidos usando ternos e gravatas. Está previsto um investimento (do qual uma ENORME parte será desviada) de R$4 bilhões em combate ao tráfico, tratamento de usuários e estratégias de prevenção (as mesmas estratégias de medo e divulgação de dados pseudo-científicos). Entre tais medidas está a internação compulsória que fere escancaradamente os direitos de nossa chamada ““democracia”” ao internar pessoas contra sua vontade em clínicas quase sempre precárias. A internação compulsória “é MAL SUCEDIDA EM 98% DOS CASOS. A pessoa internada deixa de ter acesso à substância porque está em isolamento social. No entanto, no momento em que sai do hospital e depara com os mesmos problemas de antes recai” diz Dartiu Xavier.
Em 2010 o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) avaliou o atendimento psiquiátrico de 230 Caps do estado. Constatou que faltam médicos, leitos de retaguarda e capacitação pessoal – dos dez Caps de Álcool e Drogas analisados, apenas um tinha psiquiatra disponível.

O papel dos canabinóides: Diferentemente da heroína, não há drogas da mesma classe da cocaína que possa ser usada como estratégia de redução de danos. Entretanto um estudo observacional com 50 usuários de crack, conduzido por Xavier, apontou que 68% deles conseguiram resistir à abstinência com o uso de maconha. A descoberta mostra que estudar os canabinóides e como eles agem pode ajudar a desenvolver tratamentos mais eficazes para a dependência química.

*Mente & cérebro edição especial Nº31 “como as drogas agem no cérebro”. Ed. Duetto

links relacionados:


                          *************** BUSQUE A INFORMAÇÃO !! ***************

domingo, 23 de setembro de 2012

O Relachamento da Função Simbólica*

A incrível capacidade de produzir símbolos e imagens manifesta-se fortemente em inúmeras pessoas que tomam uma droga, ou passeiam pela literatura. Huxley, Watts, Leary, Dunlap, Newland e outros escreveram brilhantemente e às vezes eloquentemente sobre o assunto.
            O autor do presente artigo, na época em que tomou o LSD pela primeira vez, ficou atônito com a descoberta da fantástica fertilidade de sua própria imaginação e dos centros produtores de símbolos, sob o efeito da droga. Sentiu novamente a experiência do nascimento, viu-se transformado em personagens mitológicas, flutuou graciosamente através de belas cavernas de gelo reluzente e de magníficas catedrais góticas incrustadas de ouro; viu, com respeito, comporem-se e recomporem-se amostras de joias, numa variedade infinita de mandalas de formas vivas, maravilhas de incrível beleza modulando-se em infinitas variações de si mesmas, dissolvendo-se em galáxias revoluteantes de dimensões e significações infinitas, ou se transformando em formas livres maravilhosamente únicas, dançando com uma espontaneidade total em imprevisíveis construções plenamente extáticas. Houve principalmente a experiência da luz. Surgiu sob inúmeras formas: como um “centro de diamante” de brilho incrível (e, de certo modo, de uma significação incrível); como modelos de chamas vivas, superpondo-se numa espécie de equivalente visual da música, visível, apreendida diretamente pelo olho interior sob uma forma tridimensional, inflamando-se a partir de si mesma; e também como campos, bancos, muros, fortalezas, árvores e riachos cheios de rebentos e de pedras preciosas vivas.
            Somos aqui levados diretamente ao problema da intencionalidade. Este esplendor interno, evidentemente, não era, como diria Korzybski, extensivo (extensional). Não convinha a uma verificação ou a uma inspeção pública. Ninguém, a não ser o autor poderia confirmar a realidade do espetáculo. Esta realidade, no entanto, parecia indubitável; dava mesmo a impressão de uma realidade de ordem superior à realidade extensiva. Parecia também ter uma significação superior – ou antes, ser o próprio significado, não o símbolo de outra realidade, mas o próprio ato da simbolização; não precisamente “significando” qualquer coisa, mas significando o signo como tal.
            Kenneth Boulding disse que a possível proliferação, no homem, de imagens internas é ao mesmo tempo sua maior glória e seu maior azar. Isto lhe da ensejo de elaborar mapas que o fazem atravessar uma vida sensata, mas também os mapas mentirosos que o fazem perder-se na floresta. Em outras palavras, esta proliferação lhe permite tanto extensificar como intensificar. Extensificação e intensificação, o público e o particular vão de um a outro. Os fatos brutos (dados do universo) são caóticos e sem significação, até que uma espécie de estrutura lhes seja imposta; aí, então, adquirem senso e ordem. Esta estrutura nos serve de mapa, permitindo-nos atravessar a vida com uma compensação suficiente.
            A significação das coisas, entretanto, não reside nem nelas mesmas, nem totalmente em nós, mas antes num tráfico entre o interno e o externo – com uma preponderância particular do interno. Mais precisamente, as significações aparecem como descobertas, mas, de fato, são construções. Com o LSD 25, parece que entramos em confronto com esta parte de nosso ser interior onde o processo de estruturação opera em estado puro. É uma experiência fulminante. Aquele que a conheceu dificilmente a esquecerá; só pode avançar depois de ter visto, uma vez, sua própria intencionalidade numa forma isolada, estando mais apto a usá-la e a não se deixar iludir criando mapas para os quais não há território.

* Texto de Richard P. Marsh (livro 'Mandala - A Experiência Alucinógena')