segunda-feira, 24 de setembro de 2012

CRACK: o que você deve saber e o que não querem que você saiba!


Não faltam campanhas vinculadas aos órgãos institucionais e/ou governamentais que apresentam o crack como uma droga devastadora, que destrói famílias, gera criminalidade e vicia desde a primeira vez de uso. Tais dados NÃO CORRESPONDEM A REALIDADE E NOS IMPEDEM DE VER O FENOMENO DE MODO ABRANGENTE EM TODAS AS SUAS VARIÁVEIS ALÉM DE REDUZIR OU ENUBLEAR NOSSA CAPACIDADE DE GERAR ALGUMA SOLUÇÃO VIÁVEL PARA O PROBLEMA. Os dados que se seguem foram retirados e adaptados da revista Mente & Cérebro®*:

- Cerca de 80% dos usuários de crack são usuários recreacionais: isto significa que esta porcentagem de usuários são pessoas produtivas que possuem trabalho e família. O que não significa que não haja risco de dependência ou outras complicações derivadas da droga.

- Uma única dose não induz à dependência química: De acordo com a psiquiatra Ana Cecília Marques, da Abead (Associação Brasileira do Estudo de Álcool e Drogas) “A idéia de que uma única dose é suficiente para causar dependência não se aplica à nenhuma droga. A noção é distorcida e pode ter resultado contrário ao desejado, principalmente entre os mais jovens, que podem experimentar o crack e, diante dos efeitos, desacreditarem as campanhas e achar que as consequências não são reais”. O script “usou uma vez, viciou” pode sugestionar aqueles que forem experimentar a pedra, ao fazerem-no podem já se considerarem dependentes vindo a se tornar exatamente isto.

- A relação entre crack e criminalidade não é expressiva: A relação entre o consumo de cocaína e seus derivados com comportamentos impulsivos e violentos, sugerida por estudos mais antigos é reducionista. O mais adequado para medir a possibilidade de dependência seriam os “fatores de risco” como define a Organização das Nações Unidas/ONU: fatores tanto sociais como individuais, nível de auto-estima, predisposição genética, ambiente social e familiar, acesso a moradia, saúde e educação. “Até para as drogas ‘pesadas’ existem usuários ocasionais. Porque alguns conseguem cheirar cocaína esporadicamente e outros são dependentes? O que basicamente os diferencia são os outros fatores – se a pessoa tem algum transtorno psíquico associado, como depressão e ansiedade, ou se começa a usar o álcool ou a cocaína para resolver problemas” Explica o psiquiatra Dartiu Xavier, coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad) da Universidade Federal de São Paulo/Unifesp.

- A internação compulsória é ineficaz: Em 2011 o Governo Federal anunciou o “Plano de enfrentamento ao crack e outras drogas” críticas não faltam a esta patética medida criada para acalmar pessoas já tão amedrontadas e pouco informadas pelo mesmo Governo Federal e sua máfia de bandidos usando ternos e gravatas. Está previsto um investimento (do qual uma ENORME parte será desviada) de R$4 bilhões em combate ao tráfico, tratamento de usuários e estratégias de prevenção (as mesmas estratégias de medo e divulgação de dados pseudo-científicos). Entre tais medidas está a internação compulsória que fere escancaradamente os direitos de nossa chamada ““democracia”” ao internar pessoas contra sua vontade em clínicas quase sempre precárias. A internação compulsória “é MAL SUCEDIDA EM 98% DOS CASOS. A pessoa internada deixa de ter acesso à substância porque está em isolamento social. No entanto, no momento em que sai do hospital e depara com os mesmos problemas de antes recai” diz Dartiu Xavier.
Em 2010 o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) avaliou o atendimento psiquiátrico de 230 Caps do estado. Constatou que faltam médicos, leitos de retaguarda e capacitação pessoal – dos dez Caps de Álcool e Drogas analisados, apenas um tinha psiquiatra disponível.

O papel dos canabinóides: Diferentemente da heroína, não há drogas da mesma classe da cocaína que possa ser usada como estratégia de redução de danos. Entretanto um estudo observacional com 50 usuários de crack, conduzido por Xavier, apontou que 68% deles conseguiram resistir à abstinência com o uso de maconha. A descoberta mostra que estudar os canabinóides e como eles agem pode ajudar a desenvolver tratamentos mais eficazes para a dependência química.

*Mente & cérebro edição especial Nº31 “como as drogas agem no cérebro”. Ed. Duetto

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