domingo, 28 de agosto de 2011

A BUSCA DA ESPIRITUALIDADE

O Cristianismo

As distorções, ate certo ponto intencionais, da cultura cristã dominante também convergem para distúrbios: baseiam-se em um Deus autoritário e puritano que nega a condição humana ou parte dela, que está acima de nos, vendo tudo o que fazemos e censurando o tempo todo com riscos de purgatório e inferno para quem “erra”. A castidade, o celibato obrigatório para religiosos, bem como afirmações condenatórias do tipo “sexo por prazer é pecado”, aludindo ao fato de termos intimidade com quem amamos sem pretender ter filhos todas as vezes, reforçam a separação entre sexo e espiritualidade. E o que dizer da mulher não poder ser sacerdote ou ainda ter de se espelhar numa virgem, mãe de Deus, que concebeu através do Espírito Santo!? Não se questiona aqui a existência de Nossa Senhora, ou de sua virgindade, apenas denunciam-se aberrações desumanas neste modelo de santidade, impossível de ser seguido sem consequências adversas. As características específicas de cada um deveriam ser opcionais, e o fato de vivermos como humanos não deveria gerar culpas nem nos negar o direito à santidade ou à espiritualidade.
A imagem de Jesus, na maioria das vezes, mostra seu corpo ferido, sangrando e sofrendo numa cruz com coroas de espinhos e olhos tristes. Reforça que o sofrimento nos eleva – o que é interessante para governos ou autoridades que nos massacram-, porque, se os massacrados acreditarem que Deus os recompensará no céu e que quanto mais sofrerem aqui melhor, mais escravizados tornar-se-ão a serviço dos seus senhores iníquos.
Todos nos sabemos que o sofrimento não é a forma mais adequada de crescermos, muito embora a única coisa que possamos fazer quando sofremos seja aprender, mas isso cabe á vida como um todo, não só ao sofrimento. Qual a criança que apresenta mais dificuldade na escola: aquela cujos pais estão em harmonia e a amam, ou a cujos pais estão em conflito e a rejeitam? Não precisamos de sofrimento para aprender. Nós sempre damos mais importância para a dor que para a alegria, o que se fundamenta, dentre outros, em dois aspectos distintos: o primeiro, mais coletivo, relacionado ao nosso culto ao sofrimento, inclusive na imagem de Jesus, e o segundo no fato de os pais darem muito mais atenção para as crianças quando estão doentes ou quando caíram e se machucaram. Por essas e outras razões, quando nos acontece uma coisa ruim em meio a dez coisas boas, obscurecemos as boas e sofremos absurdamente as ruins.

A busca da Espiritualidade


Não queremos desvalorizar os aspectos salutares da cultura cristã, tampouco afirmar que outras culturas sejam mais adequadas. Da mesma forma que para um budista, por exemplo, parece inconcebível que os cristãos cultuem um “moribundo”, para os cristãos parece estranho cultuar alguém com as pernas “tramadas” ou “preguiçosamente acomodado”, como se vê as imagens de Buda. Todas as culturas possuem aspectos saudáveis e doentios; tudo depende da forma como cada um interpreta os ensinamentos das doutrinas respectivas.
No que tange a influências construtivas do aspecto coletivo, merece especial destaque a busca da espiritualidade, da saúde, e da felicidade que de uma ou outra forma sempre estiveram presentes nos caminhos da humanidade e que hoje se apresentam em nossa mente como símbolos importantes para nosso equilíbrio. Relacionada a esse mesmo processo está a tendência inconsciente que sempre nos leva a crescer e a ser melhores, importante inclusive para ser resgatada em qualquer tratamento ou crescimento interior como uma importante aliada.
Texto do terapeuta Ivan Pinto

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